sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
«A ciência não ensina tudo. Há cerca de 20 anos, trabalhava eu numa multinacional ligada à cultura, edição, e numa reunião internacional falei com um colega inglês e perguntei-lhe como é que ele seleccionava um director de marketing, que era o que nós precisávamos em Portugal. E ele respondeu-me: «licenciado em Filosofia». E explicou-me que os licenciados em marketing são bons para executar, mas os licenciados em filosofia são bons para pensar. E o que se espera de um director de marketing não é que execute, mas que tenha ideias. Esta é uma imagem fortíssima e combate a ideia errada de que para se fazer uma coisa é preciso ir buscar um especialista nessa área. Para pensar, para levar as outras pessoas a pensar, para gerir equipas, não se aprende nos cursos técnicos, mas em cursos que têm que ver com o homem, com a pessoa, com a psicologia, a história e a filosofia. Muitas vezes, o saber lidar com pessoas é mais importante do que saber em que sítio é que determinada porca atarraxa. Isso é para quem executa. Para gerir, para pensar, é preciso outro tipo de formação»
António Mega Ferreira,
entrevista revista Life
Isto é tão bonito e tão simples, que acho que até eu, tenho alguma dificuldade em acreditar 100% em tudo (ainda que tenha guardado a entrevista desde 1999)
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Recuerdos de un beneficio
A mis admiradores
Oda
No sé como espresar el sentimiento
que embarga en este instante el alma mia:
si tuviera el talento
de Schiller, en rica poesia
brotaran de mi pluma los mas bellos
conceptos, é imágenes mas bellas,
para mostrar com ellos,
cuanto me inspiran ellas.
Sin en el albor de mi temprana vida
Láuros y palmas me ofreceis sin cuento,
- fortuna immerecida -
que dejais á Vieuxtemps, Lotto, ó Sarmiento?
yo soy hija del arte, mas no atino
porque sembrais de rosas mi camino
ni la lira pulsais apasionada
remontándome al Cielo de la gloria.
Si tengo en mi memoria
que quien nace muger, jamas es nada
- Hija del arte soy, él fue mi cuna;
el arruls mi tierna primavera;
el será mi fortuna,
y á él voy con fé sincera:
pude que nunca logre mi esperanza,
pude que arribe á puerto,
aunque está en lontananza
y suele ser incierto.
Mas hoy, que puedo ser en mi carrera
para que ai me honreis? no, nada valgo;
vuestra loca quimera
es la que finge mi valer algo.
Por mas que cruce el mundo como artista,
por mas que hoy os arrobe mi violin,
no soy instrumentista;
sou principio, del fin,
y aunque al arte me inmolo,
y estudio sin cessar, todo momento,
soy muger nada mas, y el sentimiento,
aquilato tan solo.
He aquí que veis en mim; la fantasia
os finge mas valor del que en mi tengo,
y por eso me abstengo
de entrar en discussion: mi alma quebranta
tanta palma, tal láuro, y mas padezco
al vez que no merezco
ni tanta distincion, ni gloria tanta.
Dejad ese camino; los laureles
se han hecho para el génio: cuando existe,
se dibuja con mágicos pinceles,
y nada ó nadie al mérito resiste:
mas; ay de mi! no soy aquel ejemplo;
soy artista del arte solamente
indigna de su templo,
indigna de tal gloria en el presente.
Sé que os equibocais, pero os estimo
el lugar que mi haceis , y el alma mia
conservará el recuerdo eternamente
de verse festejada con tal mimo.
Bendito sea el diá
Que á vosotros llegué!Sobre mi frente
Irradiam hoy venturas infinitas!
Vuestro interes, amor, brabos, palmadas,
En tropel son escritas
Tanto en mi corazon como en mi mente:
inspiracion le pido à mi laud!
mas es pobre mi musa y aunque siente
no consige espresar mi Gratitud.
Acceptadla cual es: y por si acaso
profetizado hubierais mi destino,
que os encuentre á mi paso
para gozar de un bien que no imagino:
vozotros me dareis valor bastante
para hollar de esa senda los abrojos
y seguir adelante;
pero que os vean siempre alli mis ojos:
pues si alcanzo esta gloria, por testigo
al Cielo pongo de mi afan profundo!
no quiero las delicias de aquel mundo,
si no las hais de compartir comigo.
19 de Mayo de 1877
Julia Blechschmidt
Violinista,
numa passagem por Lisboa.
(em arrumações, e com um medo terrível de perder esta carta)
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Margarida
As coisas estranhas, nascem todas da cabeça e acontecem todas aqui.
A Margarida entrou na minha vida, quando eu estava a começar a ver as pessoas de forma diferente, a achar-lhes graça, a achar que eventualmente, podia acontecer, gostar das pessoas mais do que eu esperava gostar das coisas, de forma geral. Dela, gostei logo. Estava a entrar e ela sorriu para mim, com a falha naquele dente, abriu os olhos castanhos e reconheci-lhe qualquer coisa. Eu estava ali, naquela miúda que ainda não tinha ouvido sequer falar. Estava ali em forma de ligação, de afecto, de sangue. Algures, estava eu. Já gostava dela, ainda estava detrás do vidro da porta e já sabia, com toda a certeza, que ela iria também gostar de mim. E esta «história» seria muito mais quente, se em vez de uma menina, fosse um menino. Mas o facto, é que a Margarida me deixou, enquanto mulher, enquanto espaço feminino, algumas marcas. Ela era, indiscutivelmente, a rapariga mais bela, mais bonita, mais apetecível, mais sedutora, mais interessante, com quem eu já me tinha cruzado. E isto, sem fazer, absolutamente nada. Só, sendo ela. Nunca voltei a encontrar (desculpem-me as fêmeas que vão cruzando a minha vida), uma rapariga que conseguisse ser, sem suportes cerebrais decalcados das fontes culturais instituidas, sem aspirações a ser nada, sem projectos de vida, sem opinião sobre as tragédias humanas, tão arrasadoramente cativante. Em duas horas, conheci-a. O que ela me começou a contar, seduzia-me, ao mesmo tempo que me alarmava, me afligia, me assustava. Em tudo, havia tragédia e coragem. Um dia combinámos coisas que nunca fizémos. Vens dormir a minha casa - dizia-me - e no meio da noite, saímos e vamos correr para o bosque que fica ali perto. Lembro-me muitas vezes dela. Ficamos anos sem nos ver, encontramo-nos por acaso, anos depois, numa rua, numa curva. Há uns dias, lembrei-me. Numa destas tardes, decidi fazer tempo num determinado sitio. Eu descia as escadas rolantes, ela estava em baixo, levantou a cabeça e eu levantei os braços a pedir uma pausa no tempo. Falámos. Igual. Continua com qualquer coisa de mágico nas formas que tem, na vida que traz. Qualquer coisa nela me emocionou sempre profundamente. É mais um mistério que acredito, não se esgote na vida.
Citar é pincelar as frases dos livros com purpurina (segredo)
Very conceptual and terrific dark photo
Às vezes, penso que penso geralmente muitas vezes e com muita certeza, que me acontecem coisas estranhas. Falo em estranho, naquele sentido não-satânico do termo, mas qualquer coisa entre o freudiano e o místico, daquele misticismo que brota dos testemunhos dos programas de tv ou de qualquer guia astrológico vendido até aos 3 euros. Esta semana, ou próximo desta semana, começou uma série. Flashforward que, em linguagem de tradutor mal amanhado, significará qualquer coisa entre flashs do futuro, flashs sobre o futuro, avanço, previsão, feeling, impulso. A forma como fui estreitanto a coisa, acompanha a forma como a coisa, no seu significado, se foi estreitando na minha cabeça. A série seria só engraçadota se, não tivesse eu, os sonhos que tenho. Não está ainda bem definido, se a humanidade adormeceu e sonhou ou se adormeceu e viu ou se adormeceu e sentiu ou se adormeceu e imaginou ou se adormeceu e especulou. Mas a humanidade, viu qualquer coisa com os olhos fechados e é aqui que eu entro com a minha cabeça pesada. Mas porque porra é que eu sonho com coisas sérias? Sonhei comigo, com ele e com elas. Estávamos mais velhos e eu estava lá, incluida mas fora. Na verdade, houve uma coisa que me forçou o pensamento (ando a procurar embrutecer-me, fazer-me burra, como sei que passo bem por essa personagem - como por quase todas-, conto que o processo seja ultra-rápido). Acordei, a lembrar-me que durante o sonho, pensei. Pensar durante um sonho e depois acordar e pensar nisso é, até para mim, que fiz um curso master em matéria de neurónios (desculpem lá, mas às vezes sou mesmo obrigada a dizer a verdade), qualquer coisa de muito extenuante. Primeiro, porque pensar sobre o pensamento resulta em psicose paranóica e segundo, porque depois do sonho, devo ter dormido mais um «coche» e ainda sim, lembrava-me (processo do pensamento) de ter pensado aquilo. E então, o que eu estava a pensar, era precisamente isto: vou fazer um esforço para lhe mostrar que estou bem, que me sinto bem, vou fazer um esforço para ele não perceber que me sinto desconfortável. Parece-me, ainda assim, demasiada coisa. Isto, porque, estávamos todos mais velhos, houve portanto uma projecção qualquer sobre todos e era uma velhice credível. Eu própria, fisicamente, estava envelhecida. Nunca me vi assim. Depois, porque, além de pensar, estava a sentir. Lembro-me que estava a sorrir, a pensar e a sentir. Demasiada coisa para um sonho, não? Isto tudo, a propósito da série. Sonhei, consegui miraculosamente, desligar-me da cena, até que dei com a estreia de sábado à tarde. A imagem tem destas coisas. Talvez se tivesse lido num jornal, se fosse uma crónica, não tivesse efeito sobre mim, mas as figuras exercem sobre a minha cabeça, a concretização daquilo que quero e que não quero ver, ou seja, tudo. As formas dão cabo de mim.
Bem, a única pergunta que me ocorre, depois desta coisa banal que é assistir ao episódio de uma série de televisão com um enredo mais batido que clara de ovo em castelo é: olha se me dá praí?
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Decidi fazer uma recolha de lhoronas.
A primeira que conheci musicada, foi a da Lhasa. E fiquei a olhar para a capa do albúm, com a cara da capa do albúm. Toda azul. A llorona é uma «lenda» mexicana, presente em todos os países, creio. Uma mulher vagueia à noite sozinha. Ponto final. Nem mais, nem menos. Considerando a universalidade desta imagem, entendo que, de alguma forma, se assumirá como uma verdade, inaugurando aqui, uma nova espécie de verdades: as lloronas.
..e outra vez, Llorona
«Acontece por vezes que um dia amanhece estupendo e que persiste maravilhoso e constante até ao pôr-do-sol e que segue ainda triunfante pela noite fora. Não acontece?»
Todos me dicen el negro, llorona/Negro pero cariñoso
Todos me dicen el negro, llorona/Negro pero cariñoso
Yo soy como el chile verde, llorona
Picante pero sabroso
Yo soy como el chile verde, llorona
Picante pero sabroso
Ay de mi llorona, llorona de ayer y de hoy
Ay de mi llorona, llorona de ayer y de hoy
Ayer era maravilla llorona
Y ahora ni sombra soy
Ayer era maravilla llorona
Y ahora ni sombra soy
Dicen que no tengo duelo, llorona
Porque no me ven llorar
Dicen que no tengo duelo, llorona
Porque no me ven llorar
Hay muertos que no hacen ruido, llorona
Y es más grande su penarHay muertos que no hacen ruido, llorona
Y es más grande su penar
Ay de mi, llorona, llorona de azul celeste
Ay de mi, llorona, llorona de azul celeste
Y aunque la vida me cueste, llorona
No dejaré de quererte
Y aunque la vida me cueste, llorona
No dejaré de quererte
Sob
Entrei assim no papel, algumas vezes. Interessa imaginar que as coisas são sempre mais do que inscrições.
Nenhum de nós se entende, quanto à interpretação.
Jazz. Agravas-me o peso do corpo sob a cidade.
Liquidifica, se lês. Mas tens mais letras na saia do que pensas.
Onde ouves as coisas que sentes?
Vejo-te sempre na mesma rua e o que trazes nela que não é teu, é o que mais se dá.
Porquê?
Não entendo que não exista para lá, um verso qualquer que já viva.
Não existe sempre qualquer coisa que já foi?
Nesta forma pessoal de me explicar um momento, abro uma janela.
A poesia não chega sequer ao umbral.
Entro na música, como se lesse tudo, mas não tenho perguntas.
Subscrever:
Comentários (Atom)




