terça-feira, 25 de agosto de 2009

Me gustas quando callas


Quando uma pessoa tem um alto misterioso na garganta, tem vontade de achar que fica igualmente misteriosa, calada.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009



Ela nada fez. Esticou apenas um dedo e disse: aqui, não sou eu.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

23:59

A Rainha encostou-se a uma árvore e disse amavelmente a Alice: «Agora podes descansar um pouco».
«Eu sou capaz, eu tenho uma tal capacidade de captar o que outra pessoa pensa e sente, que num café, olhando para alguém, penetro na sua consciência, adivinho as suas sensações, pensamentos e consigo pensar os pensamentos que ele não sabe que tem».
F.Pessoa
é mais ou menos isto que me acontece (não é nada).
Ora toma lá, Gonçalo M. Tavares. O Pessoa não fez filhos, mas era mediúnico, o que também vale alguma coisa).
Continuo a achar que quem tem mais para fazer na vida, coisas sérias, não escreve. Muito menos em blogs. Bem, conheço uma que o faz. Desculpa lá. Pronto, aplica-se aos outros todos.
«Como sabes, ninguém pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. Para começar, consideremos a tua idade - quantos anos tens?»
A verdade é que eu tenho alguns motivos para estar bem, mas não estou. As pessoas gostam de mim, o que às vezes me aborrece profundamente. Principalmente, quando são pessoas que me conhecem há dois dias ou que me acham graça, quando na verdade, eu fiz tudo para ser detestada. Acontece-me frequentemente que, quando quero estar sozinha, aparece alguém de um buraco negro a chamar-me a atenção para mim, o que é muito constrangedor.

domingo, 16 de agosto de 2009

Marcella

Assim de repente, acho-me parecida com esta rapariguita.
Não percebo bem porque é suposto meter títulos nestes textos, mas estou a pensar que dá para fazer aquilo que o duchamp dizia fazer com os ready-made. Inscrever-lhe um título sem ligação nenhuma ao conteúdo. De qualquer forma, quando se lê um título de uma coisa e depois a consumimos, acabamos sempre, inevitavelmente, por lhe encontrar um sentido, por isso, tanto faz. O título é um símbolo.
Somos tão bons nesta coisa das certezas.
Ando a escrever um bocado mais do que aquilo que costumo fazer. Na verdade, nao costumo escrever nada. Há tanta gente a escrever (ainda que escrevam todos o mesmo), que me tira a pica de tentar criar alguma coisa. Vou escrevendo, enquanto vou pensado. Mas como não tenho falado muito, olha, deu-me para isto.
Havia uma senhora, a d. Justina, irmã da minha tia (tia no sentido gramatical, apenas) mas que até era porreirinha, que dizia à minha mãe: «Ela tem uma carinha tão triste» ao que a minha mãe respondia «oh, isso engana, ela é muito bem humorada»..
Do que uma pessoa se lembra..
Tempos depois, descobri que o filho dessa senhora era o sr. Vitor que jogava comigo badminton e que me queria sempre ensinar como é que se "servia" o jogo, sendo que isto implicava uma proximidade sinistra. A partir do momento em que soubemos disto, nunca mais ele me quis ensinar a servir e nunca mais ele me impôs qualquer respeito enquanto reitor do liceu em que andava.
As mães devem sofrer um bocado com os comentários maldosos sobre os filhos. Daquilo que me lembro fui alvo de vários: «estava sempre muito branca», «falava pouco», «estava sempre doente», «ia almoçar a casa, porquê?», «não ia às viagens de estudo porque vomitava sempre no autocarro» (daqui a minha falha por NUNCA ter ido ao Portugal dos pequeninos), «brincava sozinha». Pronto, daquilo que me lembro, era so isto. Ah, também me lembro de uma observação interessante sobre o meu futuro percurso escolar, mas não lembro ao certo quem foi (censurei)
« então, vá lá, se ela fizer o 9º ano como as primas, já é bom». Porque raio era suposto eu ter ficado no 9º ano?
Ah e outra, já depois de ter acabado a faculdade: «bom, ela lá conseguiu acabar»..lá consegui acabar..? Só posso concluir que tenha alguma coisa a ver com o facto de morar em queluz e não em oeiras ou em cascais como eles. Mas pessoal, isto dos ares, não tem lá muito a ver com as funções cerebrais.
Sempre achei que vim parar a uma família muito estranha. Tirando as mães, a quem, por lei, se desculpa tudo, porque estão sempre inocentes, não percebo porque raio vim parar a esta. Bem, na prática, não conheço muita gente, mas de qualquer forma, ao longo da vida, uma pessoa vai sabendo das coisas, ouvindo umas, dizendo outras e acabamos todos, de um modo mais ou menos próximo por nos conhecermos todos.
Alice: «Quer dizer», acrescentou, «uma pessoa não pode deixar de crescer»


Hoje lembrei-me de uma coisa séria. Do caminho para a mina lá do Alentejo. Anda esta imagem a pavonear-se há anos, quando sei, com certeza de gente que põe, todos os dias, os pés no chão, que certamente não voltarei nem a pisar o caminho, nem miseravelmente a olhar para ele. E nem é por ser o caminho, num outro continente, num outro país. Há coisas que, inexplicavelmente, não precisam estar muito longe de nós, para sabermos que não vão voltar a entrar na nossa vida. Refiro-me a espaços, não a pessoas. As pessoas sempre falam, vão balbuciando coisas, trocando uns encontros fortuitos ou nem por isso, já os espaços, não dão ares de si, são tímidos e sucumbem facilmente à nossa passagem. Não se queixam da falta dos nossos passos, não choram por nenhuma imagem nossa, são bastante mais áridos no que diz respeito a esta coisa das ligações. Mas há espaços mais perversos do que outros, aqueles que não nos deixam esquecer, que insistem em fazer-nos cheirar, que puxam por nós pela corda tramada da memória.
Não tenho especial recordação de grandes brincadeiras por aqueles caminhos, mas de alguma forma, a rotina de por eles passar, andando, sozinha, sem perigos, até à mina, fazia-me olhar para tudo em volta e, sem grandes reflexões, conseguia pensar sem saber bem no quê, sobre tudo. (confusa, esta última parte).
É mais assim: se a terra era vermelha, se eu avistava a casinha branca lá em baixo, as fitas a balançar na porta, se movia os meus passos vagarosamente sob o calor e se corria um bocadinho na única altura em que tinha medo (à curva), é porque aquele espaço me tinha escolhido para pensar para sempre sobre ele. Uma espécie de feitiço do caminho da mina (edições de bolso).
Depois, havia a represa. Um lago que achava diabólico, derivado aos inúmeros avisos que me eram feitos, num medo improvável de que eu conseguisse saltar, num salto impossível (aquilo ainda era longe), até lá. A partir dalí, olhava sempre de esguelha para aquela água que inicialmente me parecia normal, pacifica, mas que, com o repetir da caminhada e o repetir dos avisos começou a surgir, aos meus olhos, com uma cor metalizada, misteriosa, até que comecei a evitar até, olhar para lá, não fosse o diabo tecê-las.
Isto tudo, a propósito de umas coisas que estava a ler agora sobre a "aura". Confesso, que quando comecei a ler, há uns anos, coisas sobre o tema, achei alguma graça. Passado este tempo todo, acho que mais facilmente dava de beber de café à minha aura do que me dava ao trabalho de assistir a aulas sobre a "aura" do Benjamin que se devia ter entretido mais a apalpar do que a estudar coisas destas. As miudas não se empolgam com análises às auras, não percebo bem onde ele queria chegar com tanta contenção. Bem, não interessa. Dizia ele: «A aura é a unica aparição de um longínquo por mais próximo que esteja aquele que o evocou». E pronto, veio daqui e desenvolveu-se ao longo do dia.
Tenho de aprender a justificar as coisas (duplo sentido para mim).
«O pensamento é um acontecimento. Como um desastre ou a aparição estranha de alguém que não te quer deixar regressar ao sítio de onde vieste». Esta é uma coisinha ligeira e porreira para se dizer quando as pessoas nos dizem: oh pá, não penses tanto. Desculpa lá, oh Gonçalo M. Tavares, homem que tira um curso, faz um mestrado em filosofia, é casado e tem uma filha. (feitos grandiosos e inéditos, exaltados por uma srª durante o meu estágio). É que assim de longe, pelas fotografias, pareces-me muito infeliz.

sábado, 15 de agosto de 2009

RR

«Sei que na Lapónia, após uma exigente formação e um rigoroso exame é possível tirar carta de renas. Na realidade, acredito que seria uma pessoa muito feliz, a conduzir um trenó de renas. Espero um dia conseguir formar uma empresa de táxis de renas na Lapónia. Conduzir um trenó de renas deve ser uma experiência empolgante e inesquecível. Um magnifica paisagem de neve, o tinido dos guizos e a felicidade na cara das pessoas, em passeios na deslumbrante paisagem da Lapónia, onde teria ainda a oportunidade de assistir a um espectáculo magnifico, que é a aurora boreal. Há ainda a possibilidade de participar em corridas de renas, uma espécie de Fórmula 1 de Renas. Viver na Lapónia, a conduzir trenós de renas, deve ser como viver durante todo o ano o Natal. Tenho por mim que deve ser uma das melhores profissões do mundo, quem sabe um dia …»
(é o que dá ouvir rádio pelas duas da manhã, que é coisa de velhos)

Injustificado


Às vezes, dou por mim a compreender de forma claríssima, porque é que as pessoas se entregam a deus, decidem ir para um convento, fazem retiros para ilhas desertas, rezam, desaparecem do mapa, matam alguém, se tornam autistas.
Por outro lado, também consigo perceber que haja muita gente neste momento a balançar o corpo (que é o mesmo em toda a humanidade), no sasha summer session.
No fundo, estamos lá todos. Estava a vê-los/las a dançar e a pensar: que bonitas e que bonitos. Às vezes, a beleza aborrece-me um bocado, assim como a fealdade (não percebo porque é que os feios têm uma categoria gramatical mais complicada que os bonitos). Há qualquer coisa de aborrecido em sermos diferentes. Acho os feios, realmente feios, mas não fico encantada quando vejo alguma/algum bonita ou realmente bonito. Porque é que em vez de pedaços de carne uns mais cheios, outros mais vazios não fazem uma festa de corações? Corações a dançar, a bater com os sentimentos de cada um, com as arritmias, as válvulas corrigidas, os medos, as paixões, os anseios, as vertigens.
Acho um bocado cansativo haver tanta gente bonita, mediana e feia. Por mim, havia só uma mulher bonita, só um homem bonito e só um assim assim. O resto, seriam reproduções. É cansativo ver alguém a olhar para um/uma bonito/a que passa e dois minutos depois, vê-la/lo a olhar para outra/o. É cansativo e vazio. Houve uma altura em que dei algum crédito à estética, agora começo a achar tudo muito fácil, outra vez. Há dias em que faço esse exercício e é flagrante a forma como absolutamente todas as pessoas que conheço e que não conheço, o fazem com artes de humanidade, deploráveis. Quase como se, fazendo-o, gritassem para dentro: que se lixe, não sou carne de raça, se não deitar o olho a esta curva excitante ou este corpo atlético. Na verdade, nem acredito que cheguem mesmo ao "que se lixe".
E sim, isto soa a tremendamente teenager mas, como ouvi uma vez, da boca de um sr. escritor, o poeta escreve como o adolescente, mas acaba por fingir melhor portanto, que se lixe.
E este pensamento não tem absolutamente nada a ver com o facto de estar triste com toda a gente. Acho mesmo isto e acho mesmo que toda a gente com quem estou triste, de uma forma ou de outra, também o faz.
Entretando, fiquei contente por ninguém ter ganho o euromilhões esta semana, o que acho positivo. É indecente andar sufocada com os espaços enquanto os outros esperam numa fila para meter um papel.
Acho mesmo que roça a dessincronia.
Deviam ser todos castigados (incluindo os do summer sasha session - que é literalmente um destrava línguas -) e obrigados a ver o sexto-sentido depois de lhes ser contado o final.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009












"(...) Como te explicar: eis que de repente aquele mundo inteiro que eu era crispava-se de cansaço, eu não suportava mais carregar nos ombros – o quê? - e sucumbia a uma tensão que eu não sabia que sempre fora minha. O que me acontecia? Nunca saberei entender mas há-de haver quem entenda. E é em mim que tenho de criar esse alguém que entenderá.
E que apesar de já ter entrado no quarto, eu parecia ter entrado em nada. Mesmo dentro dele, eu continuava de algum modo do lado de fora. Como se ele não tivesse bastante profundidade para me caber e deixasse pedaços meus no corredor, na maior repulsão de que eu já fora vítima: eu não cabia.
Ao mesmo tempo, olhando o baixo céu do tecto caiado, eu me sentia sufocada de confinamento e restrição. E já senti falta de minha casa. Forcei-me a me lembrar que também aquele quarto era posse minha, e dentro de minha casa: pois, sem sair desta, sem descer nem subir, eu havia caminhado para o quarto. A menos que tivesse havido um modo de cair num poço mesmo em sentido horizontal, como se houvessem entortado ligeiramente o edifício e eu, deslizando, tivesse sido despejada de portas a portas para aquela mais alta.
Embaraçada ali dentro por uma teia de vazios, eu esquecia de novo o roteiro de arrumação que traçara, e não sabia ao certo por onde começar a arrumar. O quarto não tinha um ponto que se pudesse chamar de seu começo, nem um ponto que pudesse ser considerado o fim. Era de um igual que o tornava indelimitado(...)"
A paixao segundo G.H.
Clarice L.
Suponho que quem tenha um filho para cuidar, uma casa para pagar, detergente para comprar, uma viagem para fazer, uma hora para chegar a qualquer sitio, louça para lavar, um irmão doente, uma mãe ao telefone, uma aula de yoga para ir, relatórios para analisar, férias para marcar, tapetes da sala para trocar, contas do mês para acertar, a família para visitar ou a novela para ver (a propósito, agora deram os dois uma valente beijoca), não tenha tempo nem paciência para pensamentos do género.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

RR

«Sei que na Lapónia, após uma exigente formação e um rigoroso exame é possível tirar carta de renas. Na realidade, acredito que seria uma pessoa muito feliz, a conduzir um trenó de renas. Espero um dia conseguir formar uma empresa de táxis de renas na Lapónia. Conduzir um trenó de renas deve ser uma experiência empolgante e inesquecível. Um magnifica paisagem de neve, o tinido dos guizos e a felicidade na cara das pessoas, em passeios na deslumbrante paisagem da Lapónia, onde teria ainda a oportunidade de assistir a um espectáculo magnifico, que é a aurora boreal. Há ainda a possibilidade de participar em corridas de renas, uma espécie de Fórmula 1 de Renas. Viver na Lapónia, a conduzir trenós de renas, deve ser como viver durante todo o ano o Natal. Tenho por mim que deve ser uma das melhores profissões do mundo, quem sabe um dia …»
(é o que dá ouvir rádio pelas duas da manhã, que é coisa de velhos)

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Gogol


Às vezes, tenho pena de ti. Gostava de  ser capaz de te soltar sem medos, num jardim qualquer, para correres, livre, atrás do que te apetecesse. Serás feliz?
"Arredondou-me
o tempo.
Verde.
Depois
dei por mim
a arder
entre as folhas.
Pesada.
Toda
destinada a
c
a
i
r.
Terás
de rasgar-me
o vestido"

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Obra aberta


«Pensa um minuto e depois adivinha», disse a Rainha Preta.
Leão para Alice: «Havia tanto pó que não se via nada. Tanto tempo que o Monstro leva a cortar o bolo!".

A esperança era que o colo de uma mãe, não deixasse de falar, de responder a todas as perguntas, principalmente às que já têm resposta, às que já nem perguntamos, às que já não conseguimos pensar como interrogações, para as quais já não há tom, porque para as outras, ainda temos tempo de inventar qualquer coisa. Que se antecipasse a tudo, chegasse antes do tempo, derrubasse as portas que fechamos e rompesse com os discursos sobre a vida, sem grandes palavras, apenas alinhando o alfabeto numa folha de papel. Que fosse as letras de todas as músicas, que fugisse connosco, sem perguntar porquê. Que não tivesse literatura nenhuma e fosse só uma frase feita, pronta para ser citada sobre qualquer coisa, em qualquer lugar, sobre qualquer pessoa. Fosse um coração apressado e batesse sempre num compasso de paz. Mordesse como um cão e lambesse o nosso corpo todo, quando piscássemos os olhos daquela maneira universal como todos piscamos os olhos quando sentimos as coisas e nos recebesse à porta, todos os dias, como da primeira vez. Que repetisse vezes sem conta que era colo, que é peito, que se fizesse mais esperto que nós e chegasse antes de tudo. Que nos tocasse, antes de qualquer vida se aproximar.
Que se achasse no direito de nos prender o tempo inteiro, sem permissão, e não nos fizesse abdicar nunca de achar que ele é um pequeno deus e nos obrigasse a rezar, de joelhos com a cabeça encostada. Que colhesse todos os frutos e estendesse a mão até ao centro da mesa, para os depositar, limpos e doces. Que sacrificasse outros colos de outras mães, como um assassino perfeito, para ser nesse dia, o único colo, a cores ou a preto e branco como se não fosse possível, nunca, deixar de existir.
«Já o calor e o aconchego da cama me envolviam há um pedaço quando o meu coração de novo errou por regiões de medo, adejando, assustado, pelo passado. A minha mãe viera, como de costume, dar-me as boas noites; os seus passos ecoavam ainda no quarto e o clarão da vela brilhava na frincha da porta. Eu pensei: «Agora!» Agora ela volta para trás! Pressentiu a minha perturbação, dá-me um beijo e interroga-me. Far-me-á perguntas, cheia de bondade, inspirando-me confiança, e serei capaz de chorar. O nó que tenho na garganta desfar-se-á, abraçá-la-ei e tudo ficará solucionado. Será a libertação!» E após a luz na frincha da porta ter desaparecido completamente, eu continuei à escuta, durante algum tempo, pensando que aquilo teria necessariamente de acontecer. »
Até que percebi nitidamente, o que poderá ser, um dia, sentir saudades de uma mãe.
«E dizes-me: quando era criança morria muito».

Pena e sorriso entre parêntesis



Alice: «Ouves a neve a bater nos vidros das janelas, Kitty? Que som lindo e suave! Exactamente como se alguém estivesse aos beijos nos vidros do lado de fora!
Gostava de saber se a neve ama as árvores e os campos para os beijar com tanto carinho»
Tantas mulheres namorei
que nem sei a conta delas
mas na que sempre pensei
tinha umas certas mazelas
A segunda era um camafeu
gostava tanto de mim
dizia-me tu és meu
o meu amor já tem fim
A terceira era fadista
mas não sabia cantar
entortava muito a vista
quando estava a barrigar
A quarta era uma vaidosa
mas não sabia lavar
a carinha cor-de-rosa
muito suja até fartar
A quinta era um amor
que não fugia a vil sorte
até metia um horror
a própria face da morte
Para acabar a relação
desta linda que eu fiz
peço a todas perdão
e vou fugir para Paris
(copiado sem escrúpulos e com inveja por ter sido contada por uma avó e ouvido por uma neta)