
Às vezes, dou por mim a compreender de forma claríssima, porque é que as pessoas se entregam a deus, decidem ir para um convento, fazem retiros para ilhas desertas, rezam, desaparecem do mapa, matam alguém, se tornam autistas.
Por outro lado, também consigo perceber que haja muita gente neste momento a balançar o corpo (que é o mesmo em toda a humanidade), no sasha summer session.
No fundo, estamos lá todos. Estava a vê-los/las a dançar e a pensar: que bonitas e que bonitos. Às vezes, a beleza aborrece-me um bocado, assim como a fealdade (não percebo porque é que os feios têm uma categoria gramatical mais complicada que os bonitos). Há qualquer coisa de aborrecido em sermos diferentes. Acho os feios, realmente feios, mas não fico encantada quando vejo alguma/algum bonita ou realmente bonito. Porque é que em vez de pedaços de carne uns mais cheios, outros mais vazios não fazem uma festa de corações? Corações a dançar, a bater com os sentimentos de cada um, com as arritmias, as válvulas corrigidas, os medos, as paixões, os anseios, as vertigens.
Acho um bocado cansativo haver tanta gente bonita, mediana e feia. Por mim, havia só uma mulher bonita, só um homem bonito e só um assim assim. O resto, seriam reproduções. É cansativo ver alguém a olhar para um/uma bonito/a que passa e dois minutos depois, vê-la/lo a olhar para outra/o. É cansativo e vazio. Houve uma altura em que dei algum crédito à estética, agora começo a achar tudo muito fácil, outra vez. Há dias em que faço esse exercício e é flagrante a forma como absolutamente todas as pessoas que conheço e que não conheço, o fazem com artes de humanidade, deploráveis. Quase como se, fazendo-o, gritassem para dentro: que se lixe, não sou carne de raça, se não deitar o olho a esta curva excitante ou este corpo atlético. Na verdade, nem acredito que cheguem mesmo ao "que se lixe".
E sim, isto soa a tremendamente teenager mas, como ouvi uma vez, da boca de um sr. escritor, o poeta escreve como o adolescente, mas acaba por fingir melhor portanto, que se lixe.
E este pensamento não tem absolutamente nada a ver com o facto de estar triste com toda a gente. Acho mesmo isto e acho mesmo que toda a gente com quem estou triste, de uma forma ou de outra, também o faz.
Entretando, fiquei contente por ninguém ter ganho o euromilhões esta semana, o que acho positivo. É indecente andar sufocada com os espaços enquanto os outros esperam numa fila para meter um papel.
Acho mesmo que roça a dessincronia.
Acho mesmo que roça a dessincronia.
Deviam ser todos castigados (incluindo os do summer sasha session - que é literalmente um destrava línguas -) e obrigados a ver o sexto-sentido depois de lhes ser contado o final.
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Verdades