sábado, 17 de abril de 2010

absolutamente genial.
Qualquer coisa como, o presente nao existe, serve apenas de plataforma onde vivemos o passado e o futuro. O tempo do presente como campo de batalha invisivel entre dois tempos que nao temos.

A historia na sua absoluta simplicidade e brevidade regista um fenomeno mental, algo que poderiamos chamar um acontecimento pensado. O cenario consiste num campo de batalha onde as forcas do passado e do futuro se combatem mutuamente. Entre elas encontramos o homem a quem kafka chamou "ele", alguem que, se quiser manter/se firme, tem de combater ambas as forcas. Assim, ha dois, ou mesmo tres, combates a decorrer ao mesmo tempo. a luta entre os "seus" adversarios e a luta do homem que esta no meio contra cada um deles.Contudo, a existencia de uma luta parece dever/se exclusivamente a presenca do homem, sem o qual, podemos suspeitar, as forcas do passado e as do futuro se teriam ja neutralizado ou destruido mutuamente ha longo tempo.  Observando a partir da perspectiva do homem, que vive sempre no intervalo entre passado e futuro, o tempo nao e um continuo, um fluxo de sucessao ininterrupta, esta quebrado a meio, no ponto onde "ele" se ergue e o lugar onde "ele" esta nao e o presente tal como habitualmente o entendemos, mas antes um hiato no tempo, ao qual o "seu" permanente combate, a sua oposicao ao passado e ao futuro, outorga existencia. So porque o homem esta inserido no tempo, e apenas na medida em que mantem a sua posicao, e que o fluxo do tempo indiferente se divide em passado, presente e futuro. E esta insercao, o comeco de um comeco, para dize/lo em termos agustinianos, o que fracciona o continuo do tempo em forcas que, entao, pelo facto de convergirem no corpo que lhes confere direccao, comecam a lutar umas contra as outras e a agirem sobre o homem, tal como kafka o descreve.

Hanna Arendt
Entre o Passado e o Futuro.


..absolutamente verdadeiro

O que sou eu, entao, para mim mesmo? O meu conhecimento de mim reduz-se ao que eu suponho (paranoicamente) que o outro supoe de mim - que nao conheco mas creio ser "qualquer coisa" que me e prejudicial. Que "coisas"? Nada, senao a relacao de hostilidade que nenhuma razao conhecida ou cognoscivel justifica. O espelhamento cria em mim um ecra que me impede de ver mais longe. Daqui a nossa "superficialidade" em tudo, nas percepcoes e nos afectos. Assim, o que me e dado ver de mim na relacao social com os outros resume-se a nada ou apenas a propria relacao (virtualmente) hostil que, nao deixando ver nada, apenas se mostra a si mesma. Eis a suposicao-crenca do mal dos (nos) outros. Nao gosto de mim porque ele nao gosta de mim ( e o meu saber dele, enquanto chico-esperto superior, que projecto nele e que se reprojecta em mim). Talvez derive disto o nosso gosto pela autoflagelacao.

Jose Gil com um cheirete a Sartre
Em busca da identidade. O desnorte.

e historico-romantico

Identity is fundamentally about desire and death. How you construct your identity is predicated on how you construct desire, and how conceive of death> desire for recognition< quest for visibility (...)< the sense of being acknowleged< a deep desire for association / what Edward said would call affiliation. It's the longing to belong, a deep, visceral need that most linguistically conscious animals who transact with an environment (that's us) participate in.

Cornel West

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Verdades