Sim. Fotografaria aquilo que Tchékhov escreveu. Isto quer dizer qualquer coisa como, tudo é humilhante na realidade, mas eu apenas consigo sentir isso e não manipulá-la. E talvez seja importante saber manipular o que se sente sobre a realidade. A função do cinema deveria ser essa. Ajudar-nos a ler da forma certa, da perspectiva universal, através dos olhos de deus. Todos os dias. Talvez seja importante conseguir fazê-lo por ti e pelo o outro. Para ti e para o outro. Nos dias bons, não digo a verdade. Acho que não digo a verdade, que não a sou. Pensava isto no metro, enquanto o sujeito gordo à minha beira, excêntrico e deformado, cantava “ai sorte, ai sorte, ai sorte, sorte, sorte, sorte” seguindo-se a isto, uma solene gargalhada final. Percebi bem o que ele queria dizer com aquilo e porque se sentou justamente, ao pé de mim. Para acrescentar absolutamente nada à minha cabeça.
Na verdade, o meu alter ego, passará por uma das personagens com quem me cruzo no metro. Sou principalmente, o cego que segue a própria música, atirando blasfémias ao mundo, só porque sim. Porque se nos dias bons, eu não sei ver, o que farei com a certeza dos maus dias? Lá está, nesses dias, ele saberá claramente o que fazer com o que sente. Cantar.
Trouble with dreams is they don't come true
And when they do they can't catch up to you
And when they do they can't catch up to you
Trouble with dreams is you never know
When to hold on and when to let go
When to hold on and when to let go
Trouble with dreams is you can't pretend
Something with no beginning has an end
Something with no beginning has an end



