terça-feira, 5 de abril de 2011


Naturalmente é de noite. O meu caminho tem um som estranho. Pó aqui, pó daquele lado. Mas prossigo. E depois o Inverno. A chuva conduzindo todas as ruas. A lugar algum. Jovem como eu, velha como eu. O amanhã, o homem cego. A vida entre as janelas enterradas. A parede. O silêncio. O que eu quis fazer. Caminhar, cantando.

( A itálico, a paciência. A vermelho, a verdade)


Ar

Naturalmente é de noite.

Sob o alaúde virado com a sua
Única corda eu sigo o meu caminho
O qual tem um som estranho.
Pó aqui, pó daquele lado.
Escuto os dois lados
Mas prossigo.
Lembro-me das folhas
Paradas nas suas deliberações
E depois o inverno.

Lembro-me da chuva com o seu feixe de estradas.
A chuva conduzindo todas as suas ruas.
A lugar algum.
Jovem como eu, velha como eu.

Esqueço o amanhã, o homem cego.
Esqueço a vida entre janelas enterradas.
O olhar das cortinas.
A parede
Crescendo entre as perpétuas.
Esqueço o silêncio
O autor do sorriso.

Isto deve ser o que eu quis fazer.
Caminhar de noite entre os dois desertos,
Cantando.

W. S. Merwin

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