Ontem estava a pensar em como esta imagem me perturba. Como a acho verdadeiramente fabulosa, como me emociona profundamente. Uma coisa que a pintura, mal ou bem, sempre teve dificuldade em me provocar. E penso nisto, ao mesmo tempo que acho que sempre tive sobre a pintura e sobre todas as artes que não sejam cinema ou literatura, algumas exigências, porque sempre senti que falta à apreciação sobre algumas coisas, o entendimento do estudo, da prática, da técnica. Na verdade, acho muito difícil alguém apreciar pintura, se não a conhecer como técnica. Existe na pintura qualquer coisa que nos evita, que nos afasta de certezas sobre argumentos, sobre temas, sobre estilos. Acho sobre muito poucas coisas, que seja preciso conhecimento para estar lá, mas talvez aqui, me sinta sempre pouco preparada para julgar, porque me sinto pouco preparada para olhar. E nisto, saber olhar para as coisas, não significará exactamente o mesmo que gostar delas, saber-lhes a verdade, compreendê-la, estar lá. Neste quadro, que me dilacera, tenho-me detido tanto tempo, que chega a doer, chegar cada vez mais perto, de mim.

Sem comentários:
Enviar um comentário
Verdades