«Dizer ao mesmo tempo que há uma perfeição própria das formas separadas e que nada está separado, que tudo se harmoniza pelo poder e pela receptividade: os sinais que caem dos céus, pingos de chuva oblíqua, também se dirigem para os céus; luzentes, são ao mesmo tempo os olhos do rosto e as esferas do firmamento; as colunas de todo o império prolongam os movimentos ocultos da terra e elevam-se sem peso, augúrios. Dizer ao mesmo tempo: aí estive eu, aí nunca estive»
Matérias Sensíveis, Molder.
Decidi abrir as portas ao não-lugar. De facto, não faz qualquer sentido prender-me aqui, sem que o resto dos humanóides possa chegar a mim. Mas por favor, não me tragam muito que pensar, que eu só consigo responder ao que cabe dentro da minha cabeça. Coisas dos clássicos, só revisitando-os através de um sonho ou com um fato de coelhinha da playboy, desperta para a melancholie dos alemães do 2º ano da faculdade, o que faria de mim, uma deutsch playmate da mais baixa categoria, que são as que têm mais para dar. E quanto a lamentos, também devo, assumindo a responsabilidade de ter isto aberto, deixá-los de lado, que pensamentos salvíficos, temos todos, e enchemos a atmosfera de coisas sérias. De qualquer forma, muito possivelmente, numa visão adulta dos corpos, todos aspiramos a chegar-nos bem perto uns dos outros, roçar os sentidos, entranharmo-nos sem nos estranhar, misturarmos qualquer coisa forte e qualquer coisa fraca, cheirarmo-nos e afins processos cogni-muito-pouco-tivos, mas muito tidos, que tendemos a considerar rectos e saudáveis. A forma ideal, é esta. Não são precisos grandes sinais sociais, grandes piscadelas de olho ou convites de amizade. Apreciamo-nos em silêncio, ainda que, conscientes (às vezes), que estar aqui é o mesmo que estar em todo o lado ou em lado nenhum e que talvez só a partir destas ligações em que não estamos ligados, conseguiremos dar-nos à coisa real, que anda à nossa volta todos os dias e que conseguimos apalpar. Talvez só nestes contextos, faça sentido pensar a Alice.
«Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível que lhe deres:
Trouxeste a chave?»
Drummond de Andrade
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Verdades