terça-feira, 29 de dezembro de 2009



L.F.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Descobri que ler as coisas noutra língua, me acalma profundamente o pensamento sobre a minha.
« REGLAS PARA VENCER EL PESIMISMO PERO NO EL SUFRIMIENTO:

acompanar el más delicado estremecimiento del alma con una tensión premeditada;
estar lúcido en la disolución interior;
vigiliar la fascinación musical;
estar triste con método;
crearse un centro exterior: un país, un paisaje, ligar los pensamientos al espacio;
mantener artificialmente el odio contra lo que sea: contra una nación, una ciudad, un indivíduo, un recuerdo;
amar la fuerza después del sueno: ser brutal después de todo lo que es puro y sublime;
aprender una táctica del ama;
conquistar los estados de ánimo; con la fuga; cuando nos paramos, las cosas callan y la nada nos llama
hacer de la quimera un sistema».





«Hay bellezas para las que no estamos hechos y que son demasiado plenas y definitivas para las oscilaciones de nuestra alma, hay bellezas que nos hieren. Tantas noches silenciosas que no merecemos, cielos de cuya lejanía no somos dignos y siluetas de árboles sobre el azul fantasmagórico de los atardeceres, cuando buscamos nuestra sombra como una presencia y un consuelo..»

Cioran

Traduzir-se

«Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.



Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.



Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.



Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.



Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.



Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.



Traduzir uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?»

Ferreira Gullar

Inverno II

«No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir
De lá pra cá não sei
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno no Leblon é quase glacial
Há algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
No deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar
Não sei o que em mim
Só quer me lembrar
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois
Pouco antes de o ocidente se assombrar»
Não sei o que falta
mas não me sinto em casa.

Inverno

torpência inquieta
sobre as árvores

assolar em túneis
os sonhos

existe e abala
mas a vida quer?


Sinto-me patética a escrever poesia. Há qualquer que falha entre mim, o lirismo e a rima.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sono-em-hífen


Um mal-me-quer-cor-de-rosa-para-mim.
Neste momento, hoje, desejava ter um edredon com um malmequer cor-de-rosa
Um dia chegará, em que terei mesmo um edredon assim.
Estava agora mesmo a lavar a cara, com água gelada, como faço sempre antes de me deitar, presumo que na tentativa de dormir melhor, mas plenamente consciente de que é óbvio que provocará justamente o efeito contrário, e a pensar que me apetece escrever sempre o mesmo, que já só consigo escrever sempre o mesmo, dizer o mesmo às mesmas pessoas. Tento ler outras coisas, os textos dos jornais, das revistas, os livros e só consigo deles tirar, aquilo que eu escreveria. Não penso no resto, não questiono, estou numa rigorosa triagem no que diz respeito às ideias dos textos. Isto leva-me a pensar, que talvez por este motivo, não tenha conseguido começar uma tese, não tenha conseguido prosseguir com a única disicplina que tinha da última coisa em que me meti. Porque tenho medo de não conseguir ver bem o que os outros dizem ou querem dizer. Por momentos, olhando-me ao espelho com a cara gelada lembrei-me que isto é capaz de ser muito próximo do que a Wendy sentiu quando abriu o livro do Jack.
Estou, definitivamente diferente.
Trá lá lá, o signo está bom para o ano.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Pensar sobre o subterrâneo.


« Os olhos da nossa memória, vêem melhor que os nossos »


By
Parede do metro da estação do Saldanha já a dar para quem segue a linha vermelha


Sem grandes pensamentos, a verdade é que as festas denunciam sempre o que falta.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

The ground beneath her feet



«as soluções dos problemas
em arte são sempre técnicas.
O sentido é técnico
O coração também»
 
 
Salman Rushdie

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Da natureza

Só para me esclarecer.
Estou satisfeita com o que tenho feito. Com as pessoas que tenho tido.
Com as pessoas que tenho.
Tive o que quis, nunca me falhou nada do que desejei.
É a verdade (Só esta espécie).
De forma simples, as coisas foram-se dando a mim. Todas.
Eu marquei as coisas e as coisas marcaram-me. Sem grande esforço. Apenas sendo.
Não precisam ser muitas. Podia até ser apenas uma, que bastaria.
O ideal, digo eu, seria que bastasse sermos apenas num gesto, para uma pessoa, uma única vez, num só espaço.
Tudo o resto de que eu possa falar, tem a ver comigo sozinha. De mim com os pés na rua.

De mim para mim.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Avenida Névski

A minha ligação com a  fé, é resultado da minha ligação comigo. À medida que o tempo avançava, fui inventando para mim, que quem tem fé, não acredita em si, não se conhece, não se sabe. Que quem tem é igual a quem gostaria de ter. Quem acredita, a quem gostaria de acreditar. A tendência, quando se fala sobre a crença, é entender as coisas com um laivo negro, de quem já teve fé e já não tem, por uma grande desgraça ou desgosto do coração ou da mente. Nada disso. Nunca consegui entendê-la em função daquilo que nos é dado, que demos ou que queremos para nós ou para os outros. Nunca me revoltei contra deus. Acho uma ideia suave. Simplesmente, não a sei pensar. O que até acho um bocado estranho, às vezes. Estranho, porque não me incomoda, porque sempre vivi à margem e porque se trata de uma margem sem zangas, sem pedidos, sem exigências, sem culpas. Eu, tenho culpa de tudo, de ter deixado, de ter feito, de não ter dito, de ter passado àquela hora e não à outra, de me ter acontecido ou de me deixar de ter acontecido, de ser má ou de ser boa, de chorar ou de rir.
Estive sempre certa de uma coisa: está tudo em mim.

Às vezes, benzo-me.
Às vezes, sou profundamente superticiosa.
Da fé, como uma forma de superstição.
Isto tudo é capaz de lixar qualquer ida ao psicólogo e qualquer crença num segundo amor.

Da infância

«O único mistério no universo é haver um mistério do universo»