Tenho relido o que escrevo, o que vou deixando mais ou menos marcado e uma coisa é certa: não sendo minha, esta escrita, seria qualquer coisa que acharia muito próxima de mim. Mas nisto, não há nada que me dê mais nem menos, porque me sinto igualmente íntima de outras escritas, de outras palavras, onde vejo o mesmo que na minha, porque talvez seja o mesmo, porque não há mais nada para escrever ou pensar. As coisas começam a minguar à minha vista. É capaz de haver muito pouco para pensar, para viver, para gostar. Duas ou três coisas sobre as quais devemos ter certezas. Na verdade, sinto que cada vez é mais fácil aproximarmo-nos todos uns dos outros, das letras dos outros, do que os outros pensam e do que sentem. Somos cada vez mais, iguais, amamo-nos todos facilmente e vivemos todos as mesmas coisas, queremos todos os mesmos caminhos, as mesmas certezas, os mesmo olhares, vivemos todos a vida que os outros viveram na nossa, sem grandes projectos, recriminamos todos as as mesmas acções, temos todos a mesma ética que é não ter ética nenhuma. Copiamo-nos, sem querer mais nem menos de nós, mas porque só nos vemos naquilo que os outros nos dão, naquilo que nos mostram, num toma lá o que és indiscreto, como se andássemos todos a tocar, simplesmente, várias versões da mesma música.
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