quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ninguém te perguntar nada é lixado. Ninguém ver que estás farta de andar assim, é lixado. Porque te faz continuar a seguir os passos dos outros, como se fossem os teus e nisto, passas uns dias em que até te ris das coisas, em que até fazes um esquema sobre a forma como, eventualmente, um dia, farás uma tese e basta subires os primeiros de degraus para chegares a casa e já não sabes de nada. Li algumas vezes, que a subida dos degraus, antes de entrar em casa, as escadas, são um espaço de intensa reclusão em que consegues, por vezes, almejar segredos teus e certezas que esperas dos outros e de ti, melhor do que qualquer conversa, profunda ou assim assim, com alguém. Quando era mais nova, relembro de facto, que me acontecia, por vezes, depois da escola, sentar-me alguns minutos nos degraus um andar abaixo da minha porta. Era melhor no Inverno, porque havia pouca luz e dava tempo de escapar ao contrangimento de ser apanhada num contexto anormal por um vizinho mais rápido e silencioso. Lembro-me que me sentava sem ter bem em que pensar, mas aquilo me trazia qualquer coisa que comigo, só tinha ali, onde, de alguma forma, estava a meio das minhas coisas, da minha casa, da saida das minhas coisas, da minha casa. O vão das escadas está a um passo de nós. A partir dalí, podemos fugir para dentro dos outros ou simplesmente, desaparecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Verdades