sexta-feira, 16 de julho de 2010




Amo cães. Só me apetece agarrá-los e apertá-los muito e morder-lhes as orelhas e o nariz. Sou muito básica no que toca a comida, animais e roupa. Depois vacilo no que diz respeito à natureza, porque não reciclo e não apanho cócós e estou a regenerar-me em relação às pessoas, procurando ser mais tolerante e fazendo esforços imensos para não desatar aos berros quando me dizem, como aconteceu hoje: compraste o teu cão!? Isso é horrível, as lojas tratam tão mal os animais, eles são traumatizados. Eu sorri, como aquele meu sorriso que, quem me conhece bem, sabe tratar-se de um par de caninos afiados e disse calmamente: mariana, não é bem assim, então..aquilo não é propriamente o circo Chen. Esta rapariga está sempre a contrariar-me, a discordar de mim, não entendo porquê. Se como pataniscas num dia e rissóis no dia seguinte, comenta. Se bebo ice-tea de pêssego é porque bebo sempre ice-tea de pêssego, se deixo os legumes de lado e como a massa, é porque deixo sempre os legumes de lado e isso não é nada saudável, se digo que as teses de mestrado agora têm 50 páginas, diz-me que não ouviu isso em lado nenhum, se falo em borbulhas, ela sente-se atingida porque as tem, se utilizo a palavra pequenina, ela diz-me mas porquê, tens alguma coisa contra as pessoas baixas? Estou mesmo a rebentar pelas costuras e qualquer dia, digo-lhe que posso comer todos os dias, pataniscas variando com outa qualidade de fritos e gelados com raspinhas de corantes porque eu não tenho problemas de saúde como ela. Não tenho úlceras no estômago, nem azia, nem miopia grave e portanto, sou livre de praticar o estilo de vida que a minha condição física permite.
Já lhe disse que tinha o nome de uma música dos Sisters of Mercy que eu adorava, que gostava de ter uma música com o meu nome, já lhe disse que se fosse mais alta, podia perfeitamente ser manequim, porque tinha uma cara muito gira, enfim.. eu ando a fazer sérios esforços pela humanidade e a humanidade não me está a responder.
A Mariana gosta mais de gatos. Teve um gato e blá blá blá. Eu não gosto especialmente de gatos. Não lhes faço mal, mas não gosto deles, acho-os passivos, sem acção, nhó nhós, pouco sociáveis. Gosto de um bicho que me salte para cima das pernas de forma ofegante, quando faço apenas psiu. Os gatos são demasiado espirituais para mim. O cão é um animal intenso, real, terreno. O cão é uma espécie de Júlia Roberts do reino animal. Então, durante esta conversa fiz alguns elogios a gatos que conheço, para não parecer mal (parece que estou a privar a rainha da Inglaterra). Ah e tal, a minha amiga Inês tem o Becas que é um gato que já tem 12 anos, e é muito giro. Era muito giro. Agora já não tem dentes, nem bigodes, nem pêlo, mia mal, tem os olhos ramelosos e passa o dia a dormir. O gato da mariana já se foi. Ela diz que não quer ter filhos, quer ter gatos. Nesse momento, fiz um grande esforço, um esforço semelhante ao esforço de um parto difícil, para não lhe puxar os cabelos e a chamar de cerval.



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