Se eu te escondo a verdade é pra te proteger da solidão
Confundo as tuas coxas com as de outras moças te mostro toda a dor
Te faço um filho pra te mostrar quem sou
Vivo num clip sem nexo, meio bossa e rock`n roll
A minha ligação a esta música, é qualquer coisa umbilical, é uma coisa invisível e tonta, como a maioria das coisas não corpóreas a que me encontro ligada. Claro que a forma rouca com que ele diz baby também ajudou, mas na base, trata-se de uma relação musicalmente profunda. A forma como a senti, da primeira vez que a ouvi, determinou para sempre, a lembrança do que eu pensei sobre ela, de como me movimentava, a caminho da escola, ao som disto e como todas as frases me suscitavam pensamentos, como fiquei espantada, curiosa, deslumbrada pela forma como tudo se justificava, como tudo o que eu desconhecia, parecia ser um mundo intenso e que naquela letra, se tornava excitante, porque eu iria cair inevitavelmente numa coisa destas, quem sabe, não cairia mesmo em qualquer coisa próxima a esta música. Provocava-me, fazia-me pensar, intrigava-me. Coisas que eu não percebia mas que aos meus olhos, na letra de uma música, dentro da cabeça de alguém, assumiam uma dimensão monumental. E no meio de tudo isto, havia uma certa tristeza, qualquer coisa me projectava para dentro da música e me fazia lá dentro, recordar de forma estranha, tudo o que eu não tinha vivido ainda, mas a partir de onde, eu tinha a certeza, nada voltaria a ser sentido da mesma forma. E tinha razão. A partir de determinado momento, o mundo mudou mesmo todo. Está tudo revelado, já.
Pego, levo, testo, sexo, mostro, dou, invento, vivo. O amor só podia ser assim.
A partir daqui, descobri-o: chamava-se Cazuza e cantava coisas que me faziam pensar.
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Verdades