Despertou em mim uma vontade incompreensível (para mim), em dizer asneiras. Vejo-me a dizer asneiras quando bato com o tornozelo na esquina de um armário, quando o despertador toca e penso que tenho de fazer deslizar o passe por aquelas portas supra-malditas da estação e esperar três segundos que termine o apito e o sinal vermelho que todo o santo dia me quer convencer de que o cartão não foi carregado.
Pior: vejo-me a dizer asneiras, acho que faz sentido, acho que faz parte de mim, que me faz bem, que é justo começar a dizer asneiras, que mereço fazê-lo, que é para os outros e também para mim, que ajuda a passar o que tem de passar, que deve existir uma psicologia qualquer na libertação da asneira, porque suspende mesmo o tempo. Chega a ser filosofia, ciência, qualquer coisa misteriosa que provoca efeito, que contamina.
Sou impaciente, ando mais impaciente, andei uns tempos a não ser impaciente e agora sou outra vez. E então?
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Verdades